Como Planejar em Infantil

Dicas e resultados de estudos e práticas reveladoras que contribuem para um planejamento funcional e dinâmico!


Profª Suellen Balado
Pedagoga, Mestra em Didáticas
Doutoranda em Educação pela Universidade da Coruña


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Um planejamento de qualidade deve levar em consideração três aspectos: o aspecto prático, estrutural e pedagógico. 

Uma planificação de sucesso, fazemos em 3 partes. A primeira é definir uma progressão didática anual que faça sentido dentro do contexto sócio cultural e sócio educativo da escola. Esta progressão la definimos no início do ano preenchendo uma Tabela didática (Anexo 1) para cada Tópico que deverá durar em média 4 semanas. Neste documento adicionamos as ideias chave de cada Tópico. Este pode ser um documento adotado pela instituição ou não, em todo caso, não é necessário preencher todos os detalhes de cada Tópico neste momento. Intuitivamente, quando o fazemos, sabemos o que desejamos alcançar, a nível pessoal e organizacional, ajuda muito à professora que o utilize a planificar seu programa anual.

A segunda parte é definir uma paisagem de aprendizagem (Anexo 2) para cada semana de aula. Onde consta uma lista de atividade transversais que atendem ao tópico principal de maneira a atingir todos os estudantes independente de seus pontos fortes ou fracos na aprendizagem.

Por último, a cada semana, traduzir a Tabela Didática e um grupo de atividades da paisagem de aprendizagem em um planejamento semanal que vai seguir o modelo da instituição, com todos os detalhes que convenha descrever.

No que diz respeito à estrutura, um planejamento semanal, ou plano de aula, visualmente claro é o primeiro passo para que seja efetivo. Devemos ser capazes de com apenas um vislumbre, poder nos situar e organizar mentalmente, a fim de finalizar e enlaçar as atividades com fluidez e dar o próximo passo. Uma ótima opção é organizar toda uma semana em uma única tabela adicionando imagens sempre que possível.

Independente do modelo institucional que utilize, para fazer um plano de aula efetivo devemos considerar:

  • Programação semanal: construir o plano de aula da semana inteira por vez nos garante a fluência e coerência entre atividades e objetivos.
  • Rotina enlaçada: ter um esqueleto comum a todos os dias é algo muito favorável; assim os alunos são capazes de antecipar os acontecimentos e até agir autonomamente, o que favorece o bom desenvolvimento da aula. Também ajuda a reduzir o estress e ansiedade provocados pela expectativa e temor sobre os acontecimentos imprevisíveis que é uma característica comum nos grupos de educação infantil. A coerência na ordem dos acontecimentos também favorece a fluidez da aula. Quando somos capazes de organizar as actividades em uma ordem que facilita a transição entre uma e outra, percebemos menos conflitos e desorganização pessoal dos alunos. Por exemplo, se temos 2 atividades em roda, fazer uma seguida da outra pode ser positivo. Outro exemplo, se as crianças saem para o lanche em outro espaço e temos uma atividade de pintura no dia, se colocamos esta justo antes de sair, as crianças já terminam, lavam as mãos de pintura, mas também já se preparando para o lanche e deixam a sala. Assim podemos organizar e limpar o que seja necessário sem interferir no andamento da classe.
  • Pontos de ancoragem: claro que o “esqueleto da rotina” mencionado no ponto anterior se passa um pouco no sentido de que não temos sempre as mesmas atividades todos os dias, por exemplo, podemos ter aulas extras e outras atividades que se alternam ao longo da semana, ainda assim, sempre haverá os pontos de ancoragem, ou seja, horários fixos que servem de referência geral para a organização mental das crianças, ex.: horário do lanche ou de recreio. Os pontos de ancoragem da nossa rotina são aqueles que devemos comprometer o menos possível, porque servem como referência para as crianças e reforçam as vantagens mencionadas no ponto anterior.
  • Planejamento em função do tempo: um ponto crucial dentro de nosso planejamento é considerar o tempo limite de atenção das crianças em relação à idade. No entanto este tempo deve ser acrescido de alguns minutos anteriores e posteriores que englobam a preparação, a finalização e a organização dos materiais. No entremeio, considerar ainda uma atividade alternativa ou de extensão para as crianças que levam menos tempo em terminar ou que tem altas capacidades. Assim, percebemos que 1 atividade, na verdade são 4; preparação, desenvolvimento, extensão e organização. Percebemos assim, que o tempo destinado para cada atividade não pode ser negligenciado, deve ser pensado com cuidado e consciência. Importante salientar que os alunos devem participar ativamente de cada passo do processo.
  • Favorecer a autonomia: visto os pontos anteriores, percebemos que o objetivo do nosso planejamento deve ser sempre, inserir as crianças na rotina escolar ativamente tornando-os cada vez mais, os protagonistas de sua aprendizagem.


Do âmbito pedagógico, devemos estar atentas às relações entre a nossa programação e as diretrizes curriculares ao mesmo tempo que devemos buscar atividades estimulantes, que despertem o interesse dos alunos ao mesmo tempo que modelam o pensamento. Desta maneira, poder a alcançar os objetivos e o desenvolvimento cognitivo óptimo de todo o grupo. Desta maneira, dentro de nosso planejamento também devemos considerar:

  • Os Parâmetros curriculares nacionais: Cada país tem sua própria legislação e parâmetros curriculares e por mais inovadores que desejemos ser, estes pontos devem ser respeitados. Ainda que acrescentemos extensões e alguma metodologia diferenciada, os objetivos e conteúdos básicos previstos nas diretrizes educacionais de cada lugar devem estar sempre presentes em nossa programação.
  • A metodologia da escolas em que estamos: claro que cada professor tem sua própria visão de mundo, valores e crenças sobre a educação e sobre a vida. Porém, uma vez que nos comprometemos com uma instituição, devemos seguir sua orientação com seriedade, pois passamos a formar parte de uma cadeia de ensino aprendizagem que para funcionar deve ser coerente, assim que o grupo de professores e o corpo diretivo deve estar de acordo e em pé de igualdade no que diz respeito à abordagem em sala de aula. Sobre isso, é importante salientar que temos livre escolha sobre o local em que trabalhamos assim que o primeiro passo para estar feliz e satisfeito com a sua carreira é estando em uma escola na qual acredita. Que concorde com o que fazemos e como fazemos. Sentir-se bem e valorizado é o primeiro passo para ter sucesso em qualquer profissão.
  • Uma programação temática organizada de antemão: Construir um plano anual com ideias temáticas para o desenvolvimento ao longo do curso é uma boa ideia. Em primeiro lugar por que assim, pode organizar de maneira coerente a ordem na qual serão trabalhadas. Além disso abre a permite que as datas comemorativas e manifestações culturais locais/regionais/nacionais se adaptem e se mesclem dentro do planejamento. Também permite um esboço de objetivos e tipos de atividades trabalhados em cada momento do ano e em cada projeto. Em educação infantil, um projeto não deve ter menos de 1 mês, uma vez que leva mais tempo para realmente, citando os estudos de Jean Piaget (1964),  acomodar todo o conhecimento. 
  • Atividades criativas e que favorecem a aprendizagem autônoma: Tomando como parâmetro a taxonomia de bloom e as inteligências múltiplas de howard gardner como pontos de base, devemos pensar em maneiras empíricas e práticas contextualizadas que vão mais além das atividades mecânicas e padronizadas que muitas vezes acabam tomando muito do tempo de classe e que, hoje, já sabemos que não são as atividades mais eficazes em favorecer a aprendizagem, especialmente crianças de Educação infantil. Devemos considerar também atividades criativas, mas ao mesmo tempo, simples o suficiente para que não seja imprescindível a atuação direta da mediadora. 
  • A relação entre as atividades do dia favorecem o bom andamento da aula e o engajamento dos alunos: quando planejamos o dia devemos pensar não somente nas atividades em si mas na sua disposição dentro do quadro de horário do dia, de forma que favoreçam a transição de uma para outra. Como já comentamos em pontos anteriores.
  • Nível de energia requerido em cada atividade deve ser intercalado entre alto e baixo: Uma ótima técnica para ter um bom ambiente de aula é ser capaz de controlar o nível de energia dos alunos. Uma boa maneira de manter os alunos focados e engajados é alternando as atividades entre as que exigem um alto nível de energia e as que não. Por exemplo, depois do recreio (alto nível energético) podemos fazer uma atividade de arte ou de contação de história. Assim podemos ajudar às crianças a baixar o nível de energia com uma atividade relaxante de introspecção ou expressão, equilibrando o sistema cognitivo para uma atividade de maior demanda cognitiva como aproximação às matemáticas, por exemplo. Obs.: As atividades de maior demanda cognitiva, não necessariamente devem ser de baixo nível de energia. Existem jogos e dinâmicas que trabalham conteúdos acadêmicos que estão relacionados ao movimento e linguagem corporal.
  • Inteligências múltiplas de Howard Gardner (1983) : hoje já podemos encontra uma extensa bibliografia e diversos outros modelos educativos e de investigação que seguem os princípios das inteligências múltiplas. Este conceito, já amplamente aceito, no círculo educacional demonstra como as crianças aprendem de maneira distinta, assim como também um mesmo aluno que tem uma série de inputs diferentes sobre um mesmo tempa aprende melhor e mais profundamente. Assim, é desnecessário defender a importância que este modelo representa. 
  • Taxonomia de Bloom: A taxonomia de Bloom foi projetada por Benjamin Bloom em 1956. O objetivo dessa teoria é que, depois de completar um processo específico de aprendizagem, sugerido por ele, o aluno adquira novas habilidades e conhecimentos de maneira óptima. Está baseada nas  três principais áreas de avaliação do  conhecimento do aluno: Cognitivo, afetivo e psicomotor. Consiste em 6 níveis construídos com o objetivo de garantir, como professores, uma aprendizagem significativa que perdure ao longo da vida. Os níveis da taxonomia de Bloom são: conhecer, compreender, aplicar, analisar, avaliar e criar.

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